sábado, 20 de agosto de 2011

Resenha: Arvoré da vida

Nota: 9


The Tree of Life
EUA , 2011 - 139 minutos
Drama

Direção:
Terrence Malick

Roteiro:
Terrence Malick

Elenco:
Hunter McCracken, Brad Pitt, Jessica Chastain, Sean Penn, Tye Sheridan, Laramie Eppler

Resenha
95% por cento de rejeição. Isso mesmo na sala de cinema onde assiste ao aclamado filme do genial Terrence Mallick o publico saiu puto da vida. Tá certo que eles não estão acostumados com ritmo contemplativo e hippie do maluco do Mallick e que publico de hoje em dia é extremamente imediatista e preguiçoso tudo que quer desligar o cérebro e comer pipoca. Mas não tem como dar um pouco de razão ao povão, afinal senão basta-se toda pretensão do cineasta em fazer um filme sobre os mistérios do universo e ritmo contemplativo o filme é demasiadamente visual, a edição proposta por Mallick não se importa com cronologia, linearidade ou ambiente dos personagens se encontram, ou mesmo com a realidade e os sonhos.
No fim das contas Mallick para quem não conhece se despontou nos anos 70 como um dos maiores gênios do cinema moderno com filmes: Cinzas do Paraiso e Terra de Ninguém. Nesses filmes, apesar do clima de celebração com a natureza como de costume na obra do diretor, eram cronologicamente bem comportados e lineares. O resultado são duas obras geniais com beleza única que se apoiava em atuações, situações e imagens naturalistas.
Só quase 20 anos depois o cineasta voltou à ativa, com que para mim é seu melhor filme, Além da linha vermelha um filme de guerra que questiona de forma sublime a loucura da terra e do papel do homem em relação com a natureza e seu meio. O filme tinha um elenco gigantesco e era narrado por vários personagens ao mesmo tempo, e bem diferente do irmão cinematográfico lançado no mesmo ano Resgate do Soldado Ryan do Steven Spielberg, o clima era naturalista e contemplativo (sem deixar de ser realismo de fora).


Cinco anos mais tarde veio Novo Mundo uma versão naturalista e sensível do conto da Pocahontas. O filme apesar dos cenários e imagens belíssimas, atuações perfeitas o filme se perde na edição (bem próxima do derradeiro Arvore da Vida) o problema é que nesse Mallick não respeita nem os diálogos ou cenas ação. Fazendo cortes brutos no meio diálogos e cenas importantes, apesar de ser de proposito não há como não se pergunta se aquele corte foi um erro besta edição. Então veio Arvore da vida filme que ele levou 5 anos para finalizar, foi aclamado no festival de Cannes onde levou o premio de melhor filme do festival.


Sobre arvore da vida o filme tem atuações impecáveis e talvez as imagens mais belas que já vi no cinema. No começo a edição não linear confunde um pouco telespectador. Mas não demora o cineasta entender que uma narrativa linear seria melhor forma de contar a história (mas sem abandonar os cortes de edição brutos). Daí então começamos do começo, bem, bem do começo, no surgimento do universo, formação das galáxias, terra formação do planeta, os primeiros organismos vivos, dinossauros (sequencia dos dinossauros é genial, apesar de todas expectativas não tem cara de documentário sobre pré-história, a cena questiona o comportamento animal de forma inteligentíssima. Sensacional!). Essa sequencia inteira é assombrosa.
Daí então partimos para cenas do crescimento do personagem principal desde bebê até adolescência, quase sem diálogos, é tão bela e natural que não há como não emocionar ou abrir um sorriso de orelha a orelha (pude ouvir risadas e sorrisos no cinema nessa parte). Então filme estaciona na adolescência dos personagens onde vemos Brad Bitt com um pai autoritário, mas ainda sim amoroso. Uma mãe cumplice e carinhosa de seus filhos. E por fim os adolescentes descobrindo o melhor e pior da vida. Até voltarmos um final filosófico e abstrato cheio de simbolismo e aí que filme perde força. Pois com corte mais enxuto filme poderia ser perfeito. Pois nesse ponto muitas cenas não tem sentido, como se diretor tivesse com dó de desperdiçar aqueles frames filmados, que são realmente belos mas totalmente dispensável para narrativa (vide “mascara de carnaval” afundando no mar?). Com edição menos bruta e menos apaixonada pelas imagens (sim pelos personagens) principalmente no terço final do filme poderia resultar na perfeição absoluta do cinema.
Só para constar os diálogos e narrativas (na maioria das vezes sussurradas pelos personagens) são belíssimos e muito bem colocados: ora questionando a natureza do ser humano, questionando a vida, o sentido de tudo isso, pregando o amor, questionando ou abraçando Deus, contemplando a natureza, expressando ódio dos seus personagens. (Vide, dialogo sobre a perda do filho casal. Onde uma personagem amiga do casal fala: “Ele agora está na mão de Deus!” e mãe responde: “Mas ele não esteve sempre nas mães dele!”). Espetacular! Mas ainda sim espero para Mallick encontre uma nova forma de edição que não fique a frente ou chame tanta atenção em relação a sua obra que é por si só genial!




Por: Douglas Ribeiro

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