terça-feira, 30 de outubro de 2012

Resenha: 007 - Operação SkyFall


Nota: 8



A ideia inicial era fazer uma crítica comum e habitual, mas como já tem tantas resenhas espalhadas pela net sobre esse novo filme do agente secreto 007 que depois de um tempo, pensando com os meus botões, resolvi adotar um novo método na hora de escrever este texto. Resolvi então apontar 5 detalhes relevantes sobre o longa de forma simples e objetiva. Tornando esse texto mais simples de ser escrito e lido.

Então vamos a resenha:


Sinopse: Em '007 - Operação Skyfall', a lealdade de Bond a M é testada quando o seu passado volta a atormetá-la. Com a MI6 sendo atacada, o 007 precisa rastrear e destruir a ameaça, não importando o quão pessoal será o custo disto.

Depois do fracasso da última e fatídica missão de Bond, quando a identidade de vários agentes secretos espalhados pelo mundo é revelada, ocorre um atentado à sede do MI6, obrigando M a transferir as instalações do seu quartel-general. Devido a esses eventos, a sua autoridade e posição se verão ameaçadas por Mallory (RALPH FIENNES), o novo presidente da Comissão de Inteligência e Segurança. Agora, com o MI6 sob ameaças tanto externas quanto internas, só resta a M um único aliado em quem ela pode confiar: Bond. O agente 007 desaparece nas sombras – auxiliado por uma única agente de campo, Eve (NAOMIE HARRIS). Juntos, eles seguirão a pista do misterioso Silva (JAVIER BARDEM), cujas motivações letais e obscuras ainda estão por se revelar.

Introdução: Esse é 23º filme do agente James Bond, o famoso 007. Sendo esse um filme especial de aniversário dos 50 anos do agente secreto. Talvez por isso os produtores resolveram fazer desse filme um grande espetáculo e tentar levar para outro nível essa franquia. Para isso não poupou esforço: temos um diretor talentoso e de respeito Sam Mendes; um elenco de alto nível Judi Dench (veterana na franquia), Javier Bardem, Ralph Fiennes e etc; E uma grande cantora que está em alta como Adele para cantar musica de abertura. 






1. Cinema de autor


Sam Mendes é um dos cineasta mais talentosos dessa nova geração: Apareceu pela primeira vez no ótimo, ganhador do Oscar, “Beleza Americana”, depois fez os subestimados e muito bons “Estrada Para Perdição”, "Soldado Anonimo", "Foi Apenas um Sonho” e "Distante nós vamos”. 

Nesse filme ele assume o novo filme da franquia 007 tentando levar a franquia a outro nível. Aqui pela primeira vez o filme do agente secreto tem uma direção cheia de classe, estilosa (cheia de jogos de sombras, uma especie marca registrada do diretor vindo do teatro) e madura. O controle do cineasta em relação ao elenco é elogiável, assim como seu domínio em criar o clima e a atmosfera das cenas. E nem de longe isso é um problema, na verdade é maior qualidade do filme.

Só para deixar claro estamos vendo um filme de autor sim! Mas dentro dos limites aceitáveis pelo cinema pipoca ou você não acha que se o Sam Mendes tivesse uma total liberdade de verdade do filme, ele não teria feito um longa ainda mais diferente e corajoso? A verdade que se tem certas obrigações quando se comanda um filme com um custo tão alto. Seja para Sam Mendes, Nolan ou Peter Jackson, não tem papo quanto a isso.

2. Bela abertura, homenagens e referencias

O filme tem todos elementos constante da filmografia do agente secreto, claro que dentro de um escopo mais realista. A começar pela bela abertura do filme que une a ótima musica interpretada pela cantora Adele e a brilhante animação em computação gráfica fazendo referencia a queda do agente secreto.


O filme também é carregado de homenagens e referencias a outros filmes e encarnações do personagem. Seja com diálogos divertidíssimos ou cenas que fazem link com outros momentos do personagem em outrora.


3. Ótimo Elenco e um vilão realmente ameaçador

Como citado acima os filme tem um elenco brilhante. Deixando claro dois pontos altos: o ótimo novo agente Q interpretado pelo jovem Ben Whishaw (Perfume) que através do ótimo diálogos da leveza e bom humor ao filme; E principalmente, o vilão Silva interpretado Javier Bardem (Onde os fracos não tem vez) que apesar de caricato da um show e cria o que é possivelmente seja o melhor vilão da série até hoje. O vilão de Bardem é ameaçador, inteligente e imprevisível. O filme realmente ganha brilho quando ele está na tela, praticamente roubando a cena. Vide: a cena onde ele se encontra com agente secreto 007 pela primeira vez.

4. Anti-climatico, mas com bons dialogos, revisavoltas e ótimas cenas

O filme abre com excelente cena de ação, que envolve um longa perseguição, muito bem filmada e cheia de tiradas visuais ótimas. Mas assim como aconteceu com Exterminador do futuro - A Salvação o filme aqui sofre do problema de entregar sua melhor cena de ação de cara e depois não conseguir repetir isso de novo durante o filme, nem mesmo no clímax. Mas aqui isso acontece devido a opção do cineasta e roteirista (no outro filme citado é devido a incompetência do diretor). Só para deixar claro não tem nada disso de corte de orçamento como alguns vem dizendo por aí, simplesmente acontece devido a escolha estilística e estrutural. Pois o filme prioriza bons diálogos, o clima de tensão (quando necessário) e reviravoltas à ação ininterrupta descerebrada


Vide: cena da luta na sombra, na bem vinda embora meio repetida cena de embate final. Em ambas cenas a emoção e clima da cena fica a frente da ação frenética propriamente dita.


5. Falta de conexão emocional

Talvez o maior problema do filme, seja a falta de conexão emocional com o publico. O filme é frio, por mais 007 e outros personagens estejam mais vulneráveis e consideravelmente humanos não sentimos nada por eles verdadeiramente. Ok, 007 é um mistério em si e talvez ele nem careça tanto de estofo dramático, mas outros personagens como M por exemplo que é o foco principal do filme necessita e muito dessa relação emocional para que filme funcione de verdade. Sem isso nada realmente justifica a trama do filme, principalmente o desfecho forte emblemático.


Devido a esse problema de aprofundar na persona dos seus personagens o filme acaba tendo um desfecho artificial e sem mesma força.





Conclusão: A sensação é de ter visto talvez o melhor filme do agente 007 até aqui. Mas no fim fica uma pontinha de pena, por que filme poderia ser realmente perfeito mas deixa de ser por causa pequenos detalhes.

A falta de outras cenas ação “Wow!” como a de abertura ou pelo menos um embate verdadeiro entre o agente e vilão brilhante criado por Bardem. E principalmente, pela falta de conexão emocional ou maior desenvolvimento dos personagens. Uma pena! Mas de qualquer forma o filme merece ser visto e apreciado. Um grande filme apesar de tudo!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Resenha: As vantagens de ser invisível

Nota: 9


“As vantagens de ser invisível” é um filme de amadurecimento cheio de sensibilidade e inteligencia como a tempo não se via. O longa está para essa geração assim como “Quase Famosos”, “Primeira Noite de homem” estiveram para outras gerações. No filme Charlie (Logan Lerman, Percy Jackson e o Ladrão de Raios) é um garoto de 15 anos que se recupera de uma depressão e a perda de seu melhor amigo. Então começa escrever  cartas sobre a sua vida e suas novas experiências na sua nova escola.

No primeiro dia totalmente isolado e tímido só consegue criar uma relação de amizade, movida pelo gosto pela leitura, com seu professor de literatura (interpretado por Paul Rudd). Sua vida começa mudar mesmo a partir do dia que conhece Patrick (Ezra Miller, Precisamos Falar sobre o Kevin) um veterano de espírito libertário e desajustado, o que acaba chamando a atenção de Charlie. Então com esses novos amigos, incluindo a bela Sam (Emma Watson, Harry Potter) por quem não demora se apaixonar, sua vida começa a ganhar mais intensidade e graça. Enfim um filme que tem uma narrativa comum com aquele esquema de jovem distante e cheio de problemas que ao conhecer novos amigos começa experimentar uma nova vida, na mão de outro diretor tudo poderia suar clichê (e de fato é) mas na forma em que tudo é construído aqui, o filme ganha vida e sentimento de verdade. O diretor aqui é Stephen Chbosky o próprio autor do livro em que filme é baseado, talvez por isso ele tenha tanto cuidado com os personagens, com a captação do espírito daquela época (o filme se passa nos anos 80) e com as emoções que  filme tenta transmitir. 



O filme tem um direção contida e não intrusiva que da liberdade aos atores. Que por sua vez se saem muito bem, principalmente Ezra Miller que cria um personagem cheio de vida e cativante (me lembra muito Dean Marioty do "Na Estrada", cujo o livro claramente inspirou o autor na criação da narrativa. Tanto que Charlie lê o livro durante o filme) Provavelmente Miller virá se tornar um dos grandes nomes desta novíssima geração que vem surgindo agora. Logan Lerman também se demonstra um ótimo ator com personagem de poucos atos, mas de muito carisma. Enquanto Emma Watson mostra uma expressão forte e muita energia, uma vontade enorme de se distanciar da sua personagem da saga do bruxinho, ela está encantadora e linda no filme.

Voltando a direção é importante citar que o diretor evita qualquer cena mais forte ou chocante,  as vezes usando o recurso do personagem central desmaiar ou apenas não revelando com todas as letras o grande mistério do filme. O que deixa o filme mais leve, e ainda mais inteligente. Afinal muitas vezes em outros filmes ficamos marcados por cenas devido sua violência e impacto gratuitos, e esquecemos de pequenos momentos onde estão a verdadeira força do filme.


Outro ponto de grande importância, que deixa o filme ainda mais delicioso, é a inserção de cultura pop seja pelos livros que Charlie faz resumo para seu professor, pelo culto a “The Rock Pictures Show” e pelas gravações de musicas nas fitas k7. E principalmente na brilhante trilha sonora do filme cheia de perolas de bandas como The Smith, The Samples, New Order, David Bowie e etc.


Vá no cinema e veja! Entre tantos filmes medíocres e mais do mesmo, principalmente para o publico adolescente, “As vantagens de ser invisível” é uma ótima pedida para quem quer se emocionar e ver algo inteligente.

sábado, 20 de outubro de 2012

Analise de Martin Scorsese sobre o filme de Glauber Rocha






Venho com esse achados e perdidos para mostrar mais uma prova da potencia e importancia do cinema nacional (e que os brasileiros tanto tem vergonha). Nesse post vou mostrar um dos cineastas mais renomados do cinema americano atual, nada mais e nada menos, do que Martin Scorsese (Táxi Drive , Os Bons Companheiros , Touro Indomável , Gangues de Nova York) falando da experiência unica que é ver um filme do diretor brazuca Glauber Rocha (Terra em Transe, Deus e Diabo na terra do sol) e assim reconhecendo o brilhantismo desse grande do cinema mundial, ignorado pelo seu próprio povo. Confira ai o próprio Scorsese falando:









sexta-feira, 19 de outubro de 2012

2012 um ano de boas comédias!? - Parte 1 ( O ditador e Os candidatos)

A ideia inicial era fazer uma resenha do filme “Os candidatos” que assisti em uma pré-estréia aqui em BH, mas resolvi no fim das contas listar e analisar as principais comédias “rasgadas” (ou seja não vou listar Wes Anderson ou filmes de comédia dramática) lançadas esse ano.


Esse ano de 2012 até aqui tem trazidos boas surpresas para esse gênero, pois normalmente para cada ano que passa tem tido no máximo uma comédia digna de nota e esse ano já teve pelo menos 3 comédias comprovadamente boas...Então vamos a lista:

obs: Não considerarei comédias medíocres lançadas esse ano como Agmenon que não vi, mas morro de medo devido ser dele o pior trailer de filme que já vi na vida. Ou outros que ainda não vi e provavelmente não vá ver tão cedo devo a falta de esperança como: Diário de Tati, Até que a sorte nos separe e etc.

Os candidatos



Nota: 5.5

O filme tem uma premissa interessante, um trailer bacana, dois ótimos atores de comédia, um diretor bacana Jay Roach (Entrando Numa Fria, Austin Power)...mas mesmo com todo esses fatores a favor o filme peca muito no ritmo e no mal desenvolvimento da premissa inicial. Para piorar: os dois atores estão repetindo personagens antigos de forma que parecem caricaturas de si mesmos, o diretor tenta criar humor um a partir do constrangimento dos personagens mas só em poucos momentos isso realmente funciona. Uma pena o filme tem cenas realmente engraçadas como a desde já antológica cena do Bebê levando soco e etc.  
Moral da história um filme que faz rir, mas com passar do tempo se torna monótono devido falta de criatividade e ousadia do roteiro. Afinal a sucessão de constrangimentos e gags do Entrando Numa Fria só funciona por que conseguimos acreditar e importar com os personagens dele e aqui tudo é tão artificial e exagerado que esse tipo de humor não se encaixa no filme. Funcionaria melhor como desenho (especial de TV) no estilo Matt Groening ou Seth Macfarlane (pensando bem seria do caralho)...mas no cinema soa como perda de tempo. Olha gosto muito de Rick Bobby, O Ancora (que é muito foda!) e outras besteiras divertidas do Will Ferrell. É meio como se fosse Austin Powers emulando o humor do Entrando Numa Fria.

O ditador

Nota: 7
Sacha Baron Cohen vinha dos ótimos Borat e Bruno (esse ultimo as vezes muito odiado e criticado, mas que apesar dos excessos é um ótimo filme), mas nesse filme novo dele não tem a narrativa de falso documentário como nos anteriores e com isso perde sua maior arma: a capacidade de capturar a reação das pessoas e com isso desmascarar o verniz de hipocrisia da sociedade americana de forma sem filtros.

Então nesse filme totalmente ficcional Cohen faz uma filme pastelão, mas que se aplica como uma luva no tipo de humor acido e irreal adotado pelo longa  (ao contrario do Os Candidatos citado a cima). Por isso apesar dos personagens aqui não serem nenhum pouco criveis tudo soa natural nesse universo a lá Monty Python ou Casseta Planeta (melhorado). Esse humor funciona ainda mais devido as criticas (novamente aos costumes americanos, talvez única ressalva seja que ele se repete novamente em uma premissa bem parecida com os filmes anteriores) e pegada pesada Cohen (que não perdoa ninguém).

Com isso consegue provocar risadas de verdade em diversas cenas (entre essas tem a cena mais improvavelmente romântica de todos os tempos, atentem para cena do parto...que ultrapassa em muito a linha do bom gosto, mas mesmo assim é no mínimo interessante seja para bem ou para mal). Enfim longa realmente engraçado. Um besteirol como a tempo não se via (desde Team American). Muito além de parodiazinhas medíocres que vem sendo lançadas ultimamente...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Resenha: Moonrise Kingdom



Nota: 9,5
 

Por meses fiquei sem escrever qualquer coisa aqui no blog, principalmente pela falta de tempo, mas agora com o lançamento do novo filme de Wes Anderson (Os excentricos Tenembaus e Rushomore) não tive como me ausentar e vim aqui discorrer um pouco sobre a experiência que foi assistir  no cinema essa pequena pérola cheia de melancolia,  doçura e humor.

Antes de qualquer descrição ou analise do filme devo deixar claro que admiro, e muito o trabalho de Anderson que para mim é um dos cinco maiores cineasta dessa geração, logo a identificação com o jeito nada convencional do longa foi imediato. Já se você não conhece o trabalho do cineasta provavelmente deve estranhar (mas garanto que vale a pena se arriscar) e se você não gosta ou acha o cinema de Anderson afetado é melhor nem passar perto. Pois como já foi “cantado” por outros críticos esse é o filme mais característico Wes Anderson, nele todos seus tiques e manias parecem saltar ainda mais na tela, mas isso não é nem de longe um problema uma vez que esse filme é o que melhor se justifica essas suas particularidades visuais e narrativas.

O filme se situa em uma ilha pequena no ano de 1965, onde mora Suzy Bishop de 12 anos (brilhantemente interpretada pela novata Kara Hayward), ela vive com seus pais interpretados por Bill Murray (homem infeliz e pai omisso) e Frances McDormand (mãe autoritária, para se ter uma ideia chama os filhos para café da manha usando um megafone). Enquanto isso em pequeno acampamento (Ivanhoé) de escoteiros: o jovem Sam Shakusky de também 12 anos (o novato Jared Gilman, também muito bem) foge levando a loucura o chefe dos escoteiros (Edward Norton, no seu melhor papel em anos) e policial vivido por Bruce Willis (se adequando muito bem a trupe de Anderson). Logo não demora para que Susy também desapareça, e todos descubram que Susy e Sam trocavam cartas em segredo e fugiram juntos. A partir daí todos adultos e os outros escoteiros partem em uma busca atrás dos dois. 

Nesse momento Wes Anderson faz o que sabe fazer de melhor cria cenas emblemáticas, singelas e engraçadas que mostram a dinâmica e o surgimento do amor (e amadurecimento) de seus personagens os jovens Sam e Susy  (Cena desde já clássica onde dançam na praia, o primeiro beijo que seguido de uma cuspida de Sam que garante para Susy que cuspiu por tinha entrado areia na sua boca e etc). E enquanto isso os adultos tem que lhe dar com seus problemas e dilemas interiores o que rende ótimas cenas.

Não vou discorrer mais para não estragar as surpresas ou me perder em leituras sobre os simbolismos contidos no filme, uma vez que isso é definitivamente pessoal...Então o que fica é a brilhante trilha sonora, os mil e um detalhes visuais a ser percebidos a cada vez que filme é visto e revisto, o humor “hora meio negro, hora lúdico e sensível”, o tom de fábula, as referencia ao cinema e a cultura pop (o cachorro que chama Snoopy e nome do acampamento que o nome de clássico do cinema), os figurinos peculiares, os personagens complexamente construídos e melancólicos (deve aqui também ressaltar os ótimos personagens coadjuvantes interpretados por grandes atores como Tilda Swinton, Jason Schwartzman, Bob Balaban e Harvey Keitel), a trilha sonora brilhante e etc. Filmaço, provavelmente um dos melhores do ano!