terça-feira, 19 de junho de 2012

900 palavras: Prometheus ( resenha )



Nota: 7

Uma coisa que aprendi trabalhando em locadora foi que quando muitas pessoas (o dito publico mediano) reclamam excessivamente de um filme, a chance dele ser muito bom é cada vez maior. Vide ano passado na sessão que vi o filme “Arvore da vida” notei no mínimo 90 por cento de rejeição. E no fim das contas o filme é de fato o melhor filme do ano passado (ok, um filme difícil para ser apreciado e sentido, e não apenas visto corriqueiramente daí tanta rejeição). No caso do “Prometheus” o buraco é mais em baixo.
O filme novo do aclamado diretor Ridley Scott (Gladiador, Thelma e Louise, Blade Runner, Alien – oitavo passageiro) é prova que agradar gregos e troianos é quase impossível, mas desagradar ambos é muito fácil (principalmente quando se fica no meio do caminho). 

Todo mundo ficou decepcionado? 

 
Primeiro vou analisar pelo ponto de vista do publico mediano: esse publico tem como característica de ir no cinema, só por ir, por não ter nada mais interessante a fazer. Tudo que querem são explosões, ação, romance, comédia (Tudo bem delimitado e de preferência sem ter que usar o cérebro). E então entram em uma sala sem saber nada sobre o filme, e no caso dão de cara com filme filosófico que tenta desvendar mistérios universais (que em nada interessa esse publico, mas interessado em celulares e novelas). Os que ainda gostam de filmes ditos inteligentes (Filmes que tem algum mistério até intrigante, mas no final entrega tudo mastigado dentro um flash back para telespectador. O que dar sensação ao mesmo tipo: “Nossa que filme inteligente!”. Quando não é.), acabam assustando e ficando sem entender o quando filme se tornar um horror cheio de sangue, mortes feias e clima sufocante (o que esse publico não sabe é que o filme faz parte da série Alien). Moral da história mais da metade da sala saiu reclamando idiotices do tipo: “Filme sem sentido!?” ”Tem que ter continuação?!”...blá!blá!  

Publico dos nerds e aficionados por cinema: Esse publico ficou na verdade com sensação de desapontamento, afinal quem acompanha cinema com certeza tinha expectativa de encontrar um novo clássico da ficção cientifica. Afinal Ridley Scott fez dois dos melhores filmes do gênero em toda história do cinema, o genial “Blade Runner” e sufocante “Alien – Oitavo Passageiro”, que é primeiro filme da série cujo “Prometheus” faz parte agora (Na verdade o filme conta uma história que se passa antes desse primeiro longa da série “Alien”). Então quase 30 anos depois (ou 30 anos depois) o diretor volta a fazer uma ficção cientifica gênero em que se consagrou e ajudou definir. Logo é com pesar que venho aqui escrever que Scott não é mais o mesmo, se antigamente ele fazia cinema como arte em si, hoje ele obrigado a concessões de estúdio. Só assim para explicar cenas de ação simplistas que só estão lá para agradar o publico mediano, soluções fáceis, cenas feitas tentando repetir o clássico primeiro filme da série sem o mesmo êxito e um roteiro raso (apesar de interessante). Enfim um bom filme, mas que podia ser muito...muito melhor!

O filme em si

 
Sobre o filme em si, como já disse acima fica no meio do caminho. Não é tão profundo o quanto pretendia, não tem tanta ação o quanto queria, não agonizante o quanto desejava e etc. Mas ainda sim tem qualidades: atuações brilhantes, principalmente do Michael Fassbender (que vive um Android, intrigante e dúbio). Efeitos especiais, cenários, direção de arte brilhante. Um roteiro interessante com alguns bons diálogos e outros vergonhosos, mas que infelizmente não se desenvolve bem deixando alguns buracos na narrativa. Enfim um filme muito bom em vários aspectos, mas que peca em pequenos detalhes que acabam fazendo a diferença. Então se alguém lhe disser que o filme é horrível, duvide muito.

Moral da história a meu ver o principal problema do filme está no seu ritmo. Ele começa espetacularmente, com ritmo lento e cadenciado. Hora evocando o clima até próximo ao clássico “2001 – uma odisseia no espaço” (quando todos estão dormindo e personagem de Fassbender caminha pela nave solitário). Mas em certo ponto o filme tenta fazer o vinculo com série Alien e se força a correria, cenas graficamente agonizantes, mas sem impacto por que tudo é tão exagerado e irreal que quase tira todo clima da cena. E no fim não da em nada, soando apenas uma disculpa para “linkar” o filme na série alien (vide: cena da cirurgia e suas consequências). E nesse ponto tudo começa a ocorrer rápido demais. Tornando que podia ser interessantes em clichês e manjados (com direitos a “musiquinhas” heroicas, que fica sem sentido, afinal não nos afeiçoamos a nenhum personagem exceto o robô). Talvez com uma edição estendida o filme corrija esse problema de ritmo e o filme se torne de fato um grande longa (diretor já avisou que na sua versão Blu-ray o filme terá mais 20 minutos a mais). Claro que não se tornara a obra prima esperada (só se remontarem a completamente, inclusive tirando algumas cenas), mas se tornando enfim o grande filme que tem potencial para ser.  

Espero não ter desanimado muito vocês, afinal filme vale uma conferida. Perdão pelo tordilho infame, mas não poderei dormir sem fazer essa ultima piadinha, que define bem sensação que fiquei quando sai do cinema: “Filme não cumpriu, o que PROMETHEUS....”

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