Nota: 6,5
Um dos filmes que mais queria ver no CineBH era esse A Hora e vez de Augusto Matraga. O filme é baseado no livro de Guimarães Rosa meu autor favorito da literatura brasileira, o longa veio glorificado como o grande ganhador do festival do Rio, tem um ótimo elenco e etc. Talvez por causa dessa grande expectativa a sensação que tive ao acabar de ver o filme foi a de decepção.
O filme tem uma direção de arte e um senso estético muito bom, mas o diretor abusa de trilha sonoras forçadamente emotivas (em cenas que deviam evocar emoção, mas não evocam pelo simples motivo de não importamos de verdade com os personagens). As cenas de ação são bem dirigidas, mas soam muito artificial (principalmente no climax). Ou seja, o filme tem todos os elementos necessários para fazer sucesso com grande publico, mas por ter um roteiro preguiçoso (atitudes não justificadas que são tomadas pelos personagens e a de alguma relação emocional verdadeira com personagens).
A unica coisa que se salva realmente no filme são as boas atuações, prejudicadas pelo roteiro fraco citado a cima, de João Miguel, José Wilker e outros. A melhor coisa do filme é personagem do ator e comediante Chico Anisio (seu ultimo papel no cinema) que está realmente ameaçador e crível.
Uma pena! Tinha tudo para ser um ótimo filme de verdade.
CineBH: Holy Motors
Nota: 8
Esse é o primeiro filme de Leos Carax (Pola X) desde 1999, nesse período ele só tinha dirigido um dos curtas do longa Tokyo. E de cara aqui ele resolve fazer um monte de filmes em um, a impressão que fica é que ele está tentando tirar o atraso por todos esses anos parado fora do cinema. Talvez por isso o longa acaba sendo incompreensível e enlouquecido. Mas de qualquer forma o filme tem um resultado muito incomum e intrigante para bem e para o mal.
Embora muitos detestem o filme, quase sempre por não entender a proposta principal do longa, afinal a unica proposta aqui desconstruir e satirizar o cinema convencional. Holly Motors é na verdade uma comédia surrealista (comédia mesmo, beirando uma especie “pastelão cult”. vide:quando personagem chega em casa ou cena final), enlouquecida e tecnicamente brilhante.
O único pesar é que se talvez Leos Carax quisesse fazer uma trama mais séria poderíamos ter uma obra prima absoluta (talento não lhe falta), não que humor aqui seja um grande problema pois é exatamente o que torna o filme delicioso. Mas fato é que em pequenos momentos ele perde o freio e exagera. Moral da história no momento em que sai do cinema o filme me pareceu apenas um bom filme surtado, mas agora a cada momento que lembro do filme gosto mais dele digerindo cada cena calmamente. Como disse David Lynch uma vez que perguntaram sobre a estranheza dos seus filme: “A vida não faz sentido, por que meus filmes tem que fazer!”.
CineBH: Tabu
Nota: 7,5
Tabu é o novo filme do jovem cineasta Miguel Gomes. Aqui nesse filme ele faz uma clara referencia ao clássico de mesmo nome "Tabu" dos diretores F.W. Murnau e Robert Flaherty de 1931. Isso fica claro na estética (preto e branco, etc) e na estrutura narrativa (que no filme clássico a história era divida em dois capítulos "Paraíso" e "Paraíso Perdido", e aqui nesse filme ele utiliza a ordem inversa "Paraíso Perdido" e "Paraíso").
Na primeira parte "Paraíso Perdido" vemos uma história que se passa nos dias de hoje. A história dos últimos dias de uma senhora, Aurora, que vive com ajuda de uma empregada negra e da boa vontade de sua vizinha, Pilar. Aurora é mulher solitária está sempre a espera da sua filha que nunca vem visita-la. Nessa parte o filme é sensível e cheio de humor abusando de situações relacionadas aos devaneios, o mal humor e tiradas sarcásticas de Aurora.
Na segunda metade o "Paraíso" vemos um grande flash back sobre o passado de Aurora e seu grande amor perdido. Nesse segunda metade o filme é filmado é totalmente mudo (com narração em off contando a história). Nessa segunda parte o filme mantém o humor e clima emotivo, mas se torna meio arrastado.
O longa enfim é uma grande homenagem ao cinema, muito bem dirigido e organizado. Mas devido o fato de ser um filme de homenagem claro, ele corre o maior dos perigos desse tipo de longa o de deixar essa homenagem ficar na frente da própria história. Mas enfim um ótimo filme! Corajoso e muito bem dirigido! obs: A ótima fabula contada no começo do filme é um achado, que se encaixa perfeitamente com roteiro e o resto da narrativa. Uma perola!
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