terça-feira, 15 de maio de 2012

Retrospectiva: Melhores filmes de 2011



Finalmente venho aqui para finalizar as listas dos melhores e piores de 2011. Fechando assim esse ciclo. Sem mais delongas vamos à lista:

Observação: A lista tinha 20 filmes, mas mudei para deixar 15 para e não destoar das outras listas feitas aqui. Então tive que fazer uma menção honrosa onde 5 em destaque estavam na lista e outros são aqueles que merecem uma olhada com atenção.

Menções honrosas: Tudo pelo Poder, Toda Forma de amor, Harry Potter, Super 8, A Invenção de Hugo Cabrett, 50%, Flores da Guerra, Attack the Block, Homem do Futuro, Mais um ano, Habemus Papam, Contra o tempo, 13 assassinos, O espião que sabia demais, Kung Fu Panda 2.

15. Biultiful
 
Alguns acusam o filme de ser melancólico e forte demais. Mas não é bem assim, o filme tem sim uma premissa forte. Mostra o submundo dos imigrantes, o personagem interpretado por Javier Bardem (que esta genial no filme) esta muito doente, tem uma filha pequena e trabalha explorando outros imigrantes, estes trabalham em condições sub-humanas para ele e seus chefes. Enfim o diretor González Iñárritu (Babel, 21 Gramas, Amores Brutos) fez seu primeiro filme sem a parceria com roteirista Guilhermo Arriaga. E acabou criando um filme sem as múltiplas historias ou narrativas quebradas habituais, mas não menos poderoso e bonito. Apesar de toda obscuridade e tristeza o filme consegue ser tocante como poucos no cinema. E consegue tudo isso, por incrível que pareça, sem cair no “dramão” barato e gratuito.

14. Rango
 
Rango foi o ganhador do Oscar de melhor animação em 2011. A computação gráfica interpretada por Johnny Depp e dirigida pelo criativo e versátil Gore Verbinski (Piratas do Caribe, O chamado, Ratinho Encrenqueiro e O Sol de Cada Manha) é uma homenagem aos Westerns. Na verdade é um faroeste só que tendo como personagem um largato da cidade (criado dentro de uma caixa de vidro) que cai no deserto, o Rango do titulo, e outras criaturazinhas desse habitar hostil. Entre esses largatos, morcegos, cobras e etc. O que chama atenção nesse ponto é que as criaturas da animação são feias e sujas, o que faz contra ponto ao senso comum deste tipo de produção, onde as criaturas são quase sempre fofinhas e bonitinhas. Mas voltando ao filme ele tem o clima, a trilha sonora e o jeitão de faroeste. Um filme muito bem feito: desde a computação gráfica detalhadíssima ao roteiro muito bem amarrado e divertido. 

Observação: Atente para alucinação do Rango onde ele encontra um humano com as feições bem próximas as de Clint Eastwood. Ou no vilão que é uma cobra que usa o mesmo chapéu e bigode do personagem clássico imortalizado pelo Lee Van Cliff. Ambas referenciam a personagens da “trilogia dos dólares” do espetacular Sergio Leoni.  

13. Precisamos falar sobre kelvin
 
O filme tem uma premissa simples, conta a historia da relação entre uma mãe e seu filho, onde este caminha para ser torna um monstro. Algo parecido com mal feito Ônibus 174 do Bruno Barreto (e eu adoro cinema nacional). O filme questiona a natureza do mal, chegando a ser meio gratuito em algumas cenas. O filme é um suspense brilhantemente interpretado pela sempre ótima, e subestimada, Tilda Swinton. O filme também conta com uma direção segura e firme, apoiada em uma edição fragmentada, que só aumenta o clima de tensão do filme. Ao lado de “O Abrigo” esse é sem duvida o melhor suspense do ano. Com clima arrastado e sufocante o filme deixa em evidencia a cada quadro a dor e o desespero da personagem central perante a tamanha tragédia.

12. Conto Chinês
 
Eis um filme pouco falado nas listas vizinhas. Mas que sem a menor sombra de duvida é o filme mais delicioso de ser visto no ano. Esse filme argentino é uma comedia com toques de drama que mostra a história de um dono de uma loja de parafusos, rabugento e mal humorado, interpretado pelo sempre genial Ricardo Darín, que acaba encontrando, por acaso, um chinês perdido no meio Buenos Aires. E a partir daí eles acabam tendo que ficar juntos por um tempo, mesmo sem falarem nenhuma palavra do idioma um do outro, e com isso eles criam uma relação de amizade forçada pela situação. Com essa premissa simples (apesar do acontecimento que da inicio a essa situação seja é surreal e incomum) o filme é ótimo carregado de cenas engraçadas e emocionantes na dose certa. O roteiro apesar de simples é praticamente perfeito, sem nenhuma falha ou deslize. Filmaço! Com F maiúsculo, já vi no mínimo 3 vezes. Não deixe de ver de forma nenhuma!

Observação: A cena do clímax é dar um nó na garganta. A ultima cena é belíssima. A cara de coitado do chinês é impagável e faz contraponto perfeito a atuação de mal humorado de Darín. 

11. X-men: Primeira Classe
 
X-men: Primeira Classe é um dos melhores filmes de heróis da historia do cinema. Sem medo de usar os poderes e as cores no filme o diretor Matthew Vaughn (dos ótimos Kick-ass e Nem tudo é o que parece) deu sua visão dos mutantes da Marvel e acabou fazendo um filme divertido, inteligente e estiloso. O diretor não teve medo de brincar com o estilo, cafona, da década de 60 nas roubas, nos designs e vilões caricatos e etc. E acabou fazendo uma bela homenagem. Homenagem essa que vai diretamente oposta ao estilo moderno e cool de direção do diretor. E a com ajuda de elenco de um primeiríssima Michael Fassbender (Magneto), James McAvoy (Professo Xavier), Kevin Bacon e companhia o resultado não podia ser outro. Espetacular!

10. Melancholia
O diretor Lars Von Trier é um babaca, egocêntrico, metido a besta. Fato. Mas não há como não aceitar o seu talento. O cara já fez obras espetaculares como Dogville, Ondas do destino, O Reino (a macabra serie), etc. Mas também se excedeu e fez os mais ou menos Anti-Cristo e Os idiotas. O fato é que o cara ainda não fez nada que não merecesse pelo menos uma olhada. Voltando a Melancholia o filme não é uma obra-prima, mas é sem sombra de duvida um dos melhores filmes do ano. O filme se divide em duas partes: na primeira construida a partir do drama familiar, humor e sarcasmos (algo parecido com humor da serie “O Reino” do próprio Trier; ou com humor do clássico moderno “Festa de Familia” do diretor Thomas Vinterberg); a segunda metade faz jus ao titulo do filme e ao nome do planeta que está vindo de encontro com a terra no longa. Nessa parte o filme mostra um processo de aceitação, medo e melancolia em relação a um fim praticamente inevitável. De fato arrastado e triste, mas não menos belo. Pelo menos agora sabemos como seria se Lars Von Trier fosse escalado para dirigir “2012”.

Observação: Nesse filme o diretor exorciza suas próprias lembranças, ele esteve com depressão recentemente. A interpretação brilhantemente de Kirsten Dunst valeu a ela o premio de melhor atriz no Festival de Cannes em 2011.

9. O Abrigo
 
O Abrigo é um suspense psicológico apoiado em um drama familiar. É um filme muito bem orquestrado pelo seu diretor Jeff Nichols que sabe como poucos ir criando um clima de suspense crescente em cada cena. A dupla, de atores principais, Michael Shannon e Jessica Chastain estão impecáveis, o que da maior veracidade a situações. O longa questiona a paranoia, loucura e obsessão; e nos faz pensar até que ponto a fé deve ser seguida de fato. Embora os excessos de alucinações do personagem central torne algo meio repetitivo durante o filme, elas são fundamentais para construção do clima de suspense desesperador que vai só aumentando a cada minuto. Ate chegar a um dos clímax mais sufocantes da historia do cinema e a um final belíssimo. 

8. Separação
 
Esse ano teve um filme Iraniano que se tornou a grande sensação do Oscar ganhando o premio de melhor filme estrangeiro e conseguindo uma indicação de melhor roteiro original. O filme Separação. Com méritos diga se de passagem, um filme com premissa simples e cotidiana, mas que vai se desdobrando e crescendo em tensão durante o longa, ganhando quase um clima de suspense, sem utilizar qualquer recurso de estilização gratuita ou ações bruscas. Tudo no filme é baseado simplesmente nos diálogos e nos pequenos detalhes, o que torna o filme ainda mais inesquecível. Apesar de não ser um suspense, e sim drama, o filme com seu roteiro brilhante deixa qualquer um com a pulga atrás da orelha e agoniado ate a ultima cena.

7. A Pele que habito
 
Meus filmes favoritos do Almodóvar são dessa fase atual, onde ele parece ter encontrado equilíbrio perfeito entre seu estilo gritante e extravagante e um cinema mais cometido, tocante e sensível (vide Fale com Ela, Tudo Sobre a minha mãe e etc). Nesse filme não é diferente, na tentativa de criar seu primeiro filme de horror ele acabou fazendo um longa de suspense psicológico pintado com cores fortes, bem ao seu estilo, mas com sensibilidade única.

 Observação: Tentem para a grande surpresa do filme, que não podia ter vindo de um diretor diferente. Surpreendente e imprevisível!   

6. O Palhaço
 
Demorei ver “O Palhaço” só vi recentemente em DVD, mas espera valeu a pena. O filme do ator e diretor Selton Mello é uma ótima homenagem aos artistas itinerantes do circo e companhia. O filme conta a historia de Benjamim, um palhaço melancólico e perdido, tentando encontrar sua vocação e um sentido para sua vida. Enfim um longa sensível e inteligente, mas com influências populares como Mazzaropi, Didi e etc. Podendo ser definido como “um filme sofisticado com uma alma popular”.

Observação: A fotagrafia, enquadramentos, tempo de humor e cenários (retratos sempre com fotos de animais) são claramente influenciados pelo cineasta Wes Anderson. Assim como as influencias de Fellini visivelmente vistas desde na temática até a execução.

 5. Meia Noite em Paris
 
Os filmes que mais gosto de Woody Allen são suas comedias com tom fantástico como: Rosa Púrpura do Cairo, Desconstruindo Harry e companhia. No ano passado ele veio com um filme nesse estilo: Meia Noite em Paris. O longa faz uma fantasiosa declaração de amor a gerações passadas, grandes escritores, pintores, etc. No filme um escritor entediado com seus problemas pessoais, vivido por Owen Wilson, a meia noite volta no tempo e vai parar na Paris de 1920 onde ele encontra vários artista que povoavam aquelas ruas naquela epoca como F.Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Ernest Hemingway, Picasso, Dali, Bunel, etc. Filmaço! Deixa sua mensagem de forma sutil, cheio de diálogos afiadíssimos (como de costume afinal estamos falando de Allen), e carregado de nostalgia.
 Observação: Atentem para hilária cena com Dali e Bunel falam sobre rinocerontes e na cena onde o personagem central tem a saca principal do filme (dica tem a ver com dentistas). 

4. O Artista
 
Muitos falam que o filme não merecia todos os prêmios recebidos (o filme foi o grande ganhador do Oscar de 2011). Falam que filme só ganhou por causa do recurso estilístico utilizado (narrativa muda e preto e branco). E que na sua estrutura o filme é convencional e sem grandes surpresas. Mas o fato é que o filme é uma bela e bem vinda homenagem ao cinema, mais precisamente a transição dos filmes mudos para os falados, como não ser convencional ao tentar homenagear tempos como esses. Enfim um filme belíssimo que paga um belo tributo ao cinema de autora. Um longa que não faria feio se fosse lançado na década de 20 ou 30, com ótimas interpretações (incluindo ai um cachorrinho que rouba cena), direção, fotografia, mixagem de som, trilha sonora impecáveis.
 
3. Os descendentes
 
Sete anos após seu ultimo filme o diretor Alex Payne, mestre em comédias dramáticas com viés sarcástico (vide A Eleição, Confissões de Schimit, Sideways – Entre umas e outras), voltou com esse Os descendentes. O filme segue o mesmo estilo consagrado do diretor que cria uma obra perfeitamente dosada entre humor e as emoções de seus personagens. E com esse recurso acabou conseguindo, o quase impossível, tornou personagem extremamente rico e incomum em ser humano normal e cheio de qualidades e defeitos como qualquer outro. Nesse ponto deve se ressaltar também atuação perfeita de Cloney e resto da equipe. Um filme brilhante desde o emocionante clímax no hospital até a antológica e hilária cena com George Cloney correndo desengonçadamente de chinelos pelas ruas do Havaí (cena que com toda certeza vai  entra para história do cinema). 

2.  Driver
 
O cineasta dinamarquês Nicolas Winding Refn depois dos estilosos e alternativos Bronson e O Guerreiro Silencioso, fez seu primeiro filme em Hollywood ano passado. E ao contrario do que todos esperavam o filme é uma antítese do cinema de ação convencional. Apesar da premissa que conta a história de um dublê de Hollywood de poucas palavras (Ryan Gosling), que à noite trabalha como motorista de fugas para criminosos. E que ao conhecer sua vizinha (Carey Mulligan) e seu filho cria uma empatia com ambos criando assim uma relação familiar e de amizade com eles. E termina tendo que enfrentar perigosos criminosos para defender a mulher e sua família. O filme seria comum senão fosse à direção criativa, que merecidamente saiu campeã no Festival de Cannes ano passado, trilha sonora oitentista incomum, atuações acima da média e um roteiro que privilegia os sentimentos e relações a tiros e explosões. Um clássico moderno por excelência!

Observação: O filme tem cenas ação bastante violentas, cruas e sanguinolenta (mesmo!). O personagem de Ryan Gosling já é desde então um dos maiores ícone pop do cinema moderno: com sua jaqueta com desenho de escorpião nas costas, palito no canto da boca, poucas palavras e mistérios.
  
1. A Arvoré da Vida
 
Já fiz uma resenha sobre esse filme aqui no blog quando o vi no cinema. Na época ressaltei que filme por um fio não é perfeito em todas as suas vertentes. E que o diretor, o genial, Terrence Mallick (Além da Linha Vermelha, Terra de Ninguém) só escorrega na sua paixão excessiva pela imagem e pelas palavras (excesso de narrativa em primeira pessoa). Afinal, só assim para explicar o final que poderia ter um terço do tamanho que teve, uso de imagens fora de contexto (mascara de carnaval caindo no fundo do mar) e etc. Mas em tudo mais, essa paixão pela imagem acabou criando uma obra-prima de beleza única. O filme é extremamente sensorial e carregado de sentimento onde a edição e ordem cronológica não fazem a menor falta, por que filme podia ser muito bem mudo que mesmo assim ele continuaria, ou talvez se torna-se ainda mais, poderoso. Afinal as melhores sequencias são sem falas, inclui-se aí: o surgimento do mundo, os dinossauros, a infância, etc. Mais que um filme, uma experiência cinematográfica incomum e única. Cinema da imagem na sua mais bela forma. Filmaço! Não é o melhor de todos os tempos, mas com certeza é um dos melhores!

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